Mochilando em Jericoacoara
Voltando das férias, todo mundo tinha muita história pra contar por aqui. E ficamos com água na boca quando ouvimos que a Carol Schmitz (Analista de Produto Internacional) e a Priscilla Parente (Assistente de Visual Merchandising) tinham se juntado a outra amiga (Gabi) e passado o fim do ano em Jericoacoara, no Ceará. Claaaro que pedimos pra elas contarem um pouco desta experiência por aqui.
Experimente ir a uma cidade sem energia elétrica nas ruas. Onde essas ruas não são feitas de asfalto, mas de areia. Onde nessas areias você encontra gatos, cachorros, vacas e jegues – muitos jegues – circulando pela cidade em harmonia com seus habitantes. Muitos são nativos e muitos estão de passagem e vêm dos mais diferentes lugares do mundo. São pessoas como eu e você, mochileiros, aventureiros, pais, mães, casais, solteiros, kitesurfers e surfistas. Muitos cearenses – esses sim são admiráveis – trabalhadores, bons anfitriões, humildes e pacientes com os turistas (até demais!). Se você é um apressadinho, não vá para Jeri (ou vá levando apenas o melhor: bom-humor e paciência).
Bem, nossa aventura começou com 5 horas de viagem de Fortaleza até Jijoca. Lá, pegamos uma jardineira, o famoso pau-de-arara, para chegar até o vilarejo de Jericoacoara, ou Jeri, para os íntimos. E aí, entramos em uma realidade paralela, que mesmo já tendo ouvido maravilhas sobre o lugar, surpreendeu todas as expectativas, nos deixando de boca aberta, literalmente.
O caminho até lá é surreal, uma paisagem etérea, formado por dunas, e nessa parte SOMENTE pode-se ver areia, e quando falamos isso, é SOMENTE mesmo, não há ruas, apenas caminhos por onde passam buggys, carros 4×4 e jardineiras.
Quando pisa no vilarejo, você vê uma mistura interessante de tranquilidade com badalação. Mas, se pensa encontrar lá baladas eletrônicas e clubes pela madrugada, este não é o seu lugar. No entanto, essas pequenas ruelas estão sempre movimentadas, com lojas, barzinhos e restaurantes pipocando por aqui e por ali.
Nossa recomendação é o bar Dumundo, com a melhor e maior caipirinha do mundo: são 600ml por uma média de R$ 8. Você escolhe sua fruta tropical e fica ali mesmo pela rua papeando com os amigos e fazendo novos amigos também, já que a cidade é repleta de jovens de toda parte.
A cidade é muito pequena, então você pode ir andando, passar por todos os bares por toda à noite, passando pela feirinha hippie na Rua Principal, o samba da Maloka (entrada apenas R$10) na Rua da Igreja, até chegar à praia. Já na entrada da praia fica a carinhosamente apelidada pelos gringos Caipirinha street. São várias barraquinhas de drinks formando uma “rua” na beira da praia. Nossa pedida é a caipirinha de Seringuela ou de Caju, com a cachaça local Ypioca, na barraquinha do Marcílio, ele é o melhor!
Depois de curtir pelas ruas, o afterparty oficial é na padaria Santo Antônio na Rua São Francisco (não vai trocar os santos), que fica aberta somente das 2h às 5h da manhã, com o melhor pãozinho quentinho, e água de coco para evitar a ressaca.
Sobre comida, a cidade tem opções para todos os bolsos, com PFs com peixe por até R$15 e restaurantes charmosos com porções de lagostas. Mas o que não pode perder é o shopping da tapioca, no finalzinho da Rua do Forró, bem escondidinho. Tem uma variedade enorme de sabores, e nossa pedida é o de queijo coalho com coco e a de nutella com banana.
Como tudo é de areia, leve APENAS havaianas, e nada de mala de rodinhas, lá tem que fazer o estilo mochileiro. Nosso maior erro foi a escolha de algumas roupas, porque simplesmente algo além de biquínis, shorts e vestidos curtos e leves não fazem sentido lá.
Um dia pegue um buggy e desvende Jeri passando pela Pedra Furada, o maior ponto turístico de lá, até a Lagoa Azul e Lagoa do Paraíso, onde realmente vai se sentir no céu, com águas cristalinas, formadas pela chuva, com redes dentro d’água e uma água de coco geladinha por apenas R$3 esperando por você! Além disso, vale muito a pena ir até a praia da Tatajuba, deserta e linda, com o vento perfeito para o kitesurfing. E também não deixe de ir até o mangue seco para ver os cavalos-marinhos, ou melhor, os jegues-marinhos, como eles chamam. Não conseguimos vê-los porque chegamos muito tarde, então a dica é ir de manhã bem cedo, quando a maré está baixa. O lugar tem uma paz, que silencia até a alma, e com certeza acaba com qualquer stress de final de ano.
E é claro, não poderia faltar: no fim de tarde, todo mundo se reúne nas dunas para receber a maior atração da cidade, o pôr-do-sol. Lá, o sol se põe no mar e essa é uma das coisas mais lindas que já vimos na vida.
Prepare-se para entrar em outro tempo, onde pode esquecer a existência de e-mail e Facebook, e nem perceber que a bateria do celular acabou (mas, se preferir, é possível ter tudo isso, pois há internet e bom sinal!). Uma experiência transformadora e curativa: não ter pressa para nada, tendo como único compromisso encontrar os amigos, sem marcar hora ou lugar, viver com a boa e invejável tranquilidade e alegria de um cearense. O que mais podemos dizer é que encontramos o paraíso, e que não vemos a hora de voltar!
PS: Lembre de levar dinheiro em cash, pois não há caixas eletrônicos.