Dicas pra viver sem produzir lixo (sim, tem como!)

Você já pensou em viver sem produzir lixo? Sem embalagem, sem papel higiênico, fazendo seus cosméticos mas sem precisar morar em uma fazendinha hippie? É isso que a Cristal Muniz, do blog Um Ano Sem Lixo, faz. Ela decidiu que iria aprender a parar de produzir lixo em 2015 e desde então tem mostrado muitas dicas de como viver sendo mais sustentável.

Você sabia que cada brasileiro produz, em média quase meia tonelada de lixo por ano? A gente esquece que tudo isso vai dar problema sabe onde? Na nossa casa. Pois é, a gente esquece mas a nossa casa é esse mundão gigantesco de onde os lixos não desaparecem magicamente.

Hoje é dia internacional do Meio Ambiente e, pra falar de sustentabilidade de um jeito real, que dá pra fazer em casa e sem precisar usar tye-dye, a gente foi falar com a Cristal e descobrir o que ela fez pra reduzir o lixo em casa e como a gente pode se inspirar e copiar. ;)

– Como surgiu a ideia? Foi algo do dia pra noite, ou tu trabalhou nela durante um tempo?

Eu tava pela internet e recebi o link de uma matéria sobre a Lauren Singer, do blog Trash Is for Tossers. Lá dizia que ela não produzia lixo há 2 anos. Entrei super cética pra ver qual era a verdade por trás da manchete e fui pega de surpresa: não tinha exagero! Ela realmente não produzia lixo. Continuei duvidando, mas aí resolvi entrar no blog dela e comecei a ler e só parei no último post! Fiquei super encantada, em parte porque toda a ideia da sustentabilidade e de reduzir seu impacto no mundo é genial, mas também porque ela fazia parecer tudo muito simples. Foi aí que comecei a querer fazer tudo aquilo também. Queria dormir com a sensação tranquila de “faço minha parte” de verdade.

A ideia de fazer um blog surgiu pra eu cumprir minha promessa. Sei que se não tivesse um compromisso público, não teria ido tão a fundo em todas as questões. E não teria tido feedbacks que me ajudaram muito também.

– No começo, qual foi o maior desafio? E hoje, um ano depois, qual é o maior desafio?

No começo era mais complicado saber como e o que fazer com cada coisa. Como a maioria dos blogs e conteúdos que eu achava sobre lixo zero eram de fora do Brasil, eu ficava meio a ver navios. Aqui a gente não tem um sabão que eles usam lá fora, aqui a gente não joga (e nem pode) jogar o papel higiênico no vaso, não tem coleta de compostáveis, várias coisas. Temos outras opções pra lidar com essas coisas, e foi isso que eu tive que pesquisar, criar, adaptar, etc.

Hoje meu maior desafio é continuar a saga. Quanto mais eu pesquiso sobre, mais eu descubro coisas erradas e mais eu tento mudar. Fora os lixos comuns que evito de produzir, tem vários inevitáveis que entram na categoria de lixos especiais: lâmpadas, eletrônicos, roupas. Aí, cada caso é um caso pra lidar.

– Baladas: como não usar o copo descartável? Você consegue levar seu copo? Bartender entende ou acha estranho?

Eu sempre tenho comigo meu copinho retrátil de alumínio, que uso pra tomar cerveja. Pra drinks, sempre tento pedir em copo de vidro, sem canudinho, sem enfeite e tudo que puder ser lixo. Quando não consigo, levo tudo pra casa e descarto da melhor forma possível ou peço outra bebida. Nunca cheguei com um pote de vidro ou minha garrafinha em balada porque acho que nem me deixariam entrar, por causa da segurança. Mas a verdade é que não vou muito em balada, vou mais em bar e aí é tranquilo.

– E coisas que não tem como fugir, por exemplo: embalagem do papel higiênico? Como lidar?

O que eu faço é seguir mais ou menos essa lógica: posso evitar esse lixo? Se sim, evito com compras a granel, recusando o guardanapo, tudo o que der. Não consigo evitar (como embalagem de coisas essenciais que não se vende a granel)? Então escolho a opção menos pior: embalagem 100% reciclável, menos impactante, papel ao invés de plástico, vidro ao invés de PET, embalagens que posso usar de novo, opções maiores que economizem em embalagens (como a ração da Nina e da Filó). Sempre levo tudo pra casa pra fazer o descarte que SEI que vai pra coleta seletiva, ao invés de deixar onde não confio. Guardanapos e papéis finos e pequenos, levo pra casa e coloco na composteira.

– Viagens: você consegue manter o ‘lixo zero’?

Sim! Levo meus cosméticos, escova de dentes e uso tudo que for meu. Como uso menos coisas, tenho menos potes. E como quase tudo é em barra (xampu e condicionador sólido, desodorante), não tenho problema com “líquidos de até 100ml”. ;)

Também capricho no kit de coisas pra se ter sempre na bolsa: guardanapos de pano, talheres e hashis, copo retrátil, garrafinha de vidro e agora tenho até canudos de bambu! Recuso todo e qualquer comprovante, canudinho, guardanapo, pacotinho, plastiquinho. Quando não dá pra evitar porque não consegui dizer não, levo tudo junto e depois descarto em casa.

Também tento sem-pre viajar só com uma bagagem de mão, assim não preciso despachar a mala e evito aquela etiqueta cheia de adesivos da bagagem. Faço check-in online e uso o ticket no celular, também evito de imprimir ele!

– O que tu ainda não conseguiu eliminar e que te angustia por causa disso?

Papel higiênico. Sofro muito porque ainda não consegui parar de usar e instalar uma ducha higiênica em casa. Moro em apartamento alugado, então dependo de umas burocracias.

Mas o que me angustia mesmo é não ter opção pra descarte correto pra muitas coisas. Lâmpadas, por exemplo. Não sei onde descartar que tenha a certeza que vai ser reciclado. Roupas e calçados não tem nenhuma opção de descarte que não seja o aterro sanitário no Brasil. Óculos e lentes de grau.

Uma porção de coisas que todo mundo usa, é inacreditável que em 2016 a gente não tenha reciclagem ou alguma opção (apesar da Política Nacional de Resíduos Sólidos, lei número 12305/2010 dizer que quem fabrica precisa pensar no descarte das suas coisas).

– Depois de um tempo fazendo as mesmas coisas, se torna hábito, a gente passa a fazer no automático, o que tu faz no automático que nunca tinha cogitado a possibilidade fazer?

Vish, tudo?

  • Carregar e usar guardanapo de pano pra todas as refeições fora de casa.
  • Copinho retrátil de alumínio ou garrafinha de vidro pra beber fora de casa.
  • Parei de pintar as unhas.
  • Compras a granel.
  • Lavar a louça com bucha vegetal + sabão de coco.
  • Fazer meu próprio sabão em pó pra roupas.
  • Usar um barbeador de metal ao invés dos recicláveis pra me depilar.
  • Usar coletor menstrual no lugar dos absorventes descartáveis.

Essas são coisas mais do dia-a-dia, mas quase tudo eu já me habituei.

– Amigos/família já se incomodaram com você usando guardanapo de pano em um restaurante? Ou levando o seu próprio copo?

Se incomodar, jamais. No geral, quem tá comigo acha super legal e fica meio envergonhado/a de não ter um guardanapinho de pano também.

– Já teve problema com isso (de levar seu copo/guardanapo) em algum lugar/restaurante/bar e o estabelecimento achar ruim?

Já, mas pouquíssimas. Quando insistem em colocar minha bebida num copo descartável, chego a cancelar o pedido. Mas eu já conseguir pedir um Subway no guardanapo de pano! Ou seja: mais vitórias que derrotas. ;)

Agora é: botar a mão na consciência e começar a fazer, hein? Pra um mundo melhor e mais feliz pra todo mundo. <3

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